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07 de jul. de 2025 às 00:00  •  5 min de leitura
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SAÚDE GINECOLÓGICA PARA HOMENS TRANS: UMA QUESTÃO DE ACESSO E RECONHECIMENTO QUE SALVA VIDAS
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Uma parcela da comunidade LGBTQIAPN+ enfrenta obstáculos significativos no acesso a cuidados ginecológicos. Se a negligência já afeta Mulheres Lésbicas e Bissexuais, a situação é ainda mais crítica para Pessoas Trans. O desconforto pode surgir já na marcação da consulta, especialmente para indivíduos que retificaram o nome. Como consequência, é comum que esse público evite o consultório, deixando de realizar exames cruciais, como o Papanicolau e o rastreamento do Câncer de Mama. É um desafio que a Medicina precisa superar.


"Os médicos ginecologistas inferem a heterossexualidade para todo mundo, falando de anticoncepção sem antes perguntar qual é a orientação sexual do paciente. Muitas vezes, quando pergunta e ouve que essa pessoa tem relação com pessoas com vagina, não sabe muito bem o que fazer", aponta Ana Thaís Vargas, ginecologista e obstetra especializada no público LGBTQIAPN+. A falta de preparo e acolhimento adequado, infelizmente, ainda é uma realidade.


Mesmo sob o uso de Testosterona para afirmação de gênero, o Colo do Útero, Ovários e Glândulas Mamárias continuam a demandar monitoramento. A recomendação é seguir os mesmos protocolos de rastreamento do Câncer de Colo de Útero adotados para Mulheres Cis: Papanicolau a partir dos 25 anos, com intervalo de três anos após os dois primeiros exames anuais com resultado normal.


A área da Biomedicina tem contribuído com avanços importantes. A introdução de novos testes, como o PCR para HPV, também deve ser acompanhada. "Esse exame está substituindo o Papanicolau, mas ainda não está em vigor. Ele detecta a presença do DNA do vírus e, se der positivo, é indicada a Colposcopia", explica Vargas.


Caso a pessoa tenha feito cirurgia de redesignação sexual, o rastreamento do Colo do Útero não é necessário, pois o procedimento remove o Canal Vaginal, o Colo do Útero e, muitas vezes, o Útero por completo.


Outro ponto crucial é o rastreamento do Câncer de Mama. Nem todos os Homens Trans passam pela cirurgia de retirada das mamas, conhecida como Mamoplastia Masculinizadora. E mesmo aqueles que realizam o procedimento precisam monitorar a região.


Enquanto a Mastectomia, técnica utilizada no tratamento do Câncer de Mama, remove todas as Glândulas Mamárias e a fáscia do Peitoral Maior, a Mamoplastia Masculinizadora preserva uma parte dessas áreas. "O risco de Câncer de Mama cai 90% com essa cirurgia, mas não zera. Se houver histórico familiar, é preciso monitorar o tecido que sobra, com ressonância ou ultrassom", orienta a Médica.


Além disso, o uso contínuo de Testosterona exige atenção redobrada à Saúde Cardiovascular, um aspecto que a Nutrição e o Nutricionismo podem complementar. A orientação é manter acompanhamento com Cardiologista, praticar atividade física regular e cuidar do Colesterol e da alimentação.


Prevenção de Gravidez e ISTs: Um Alerta Necessário


A necessidade de anticoncepção também precisa ser avaliada por um médico. Muitos Homens Trans acreditam que, por estarem em uso de Testosterona e sem menstruar, não correm risco de engravidar. "Isso não é verdade. Eles podem continuar ovulando e engravidar sem querer, caso tenham relações com Pênis", alerta Vargas.


Entre os métodos contraceptivos possíveis estão o DIU (Hormonal ou não Hormonal), Pílulas de Progesterona, Implantes Hormonais ou, sempre, o uso da camisinha.

Farmácias e Farmácias de Manipulação são importantes para o acesso a esses métodos.


A Dra. Ana Thaís Vargas também enfatiza a importância das vacinas: "É importante se vacinar contra o HPV, contra a Hepatite B e contra a Hepatite A. A população LGBT tem direito à vacinação pelo SUS", aponta.


VACINAÇÃO VIA SUS: PASSO A PASSO PARA ACESSO


A população LGBTQIAPN+, como qualquer cidadão, tem direito à vacinação gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para acessar as vacinas recomendadas, incluindo as mencionadas como HPV, Hepatite A e B, siga os passos abaixo:


  1. Dirija-se a uma Unidade Básica de Saúde (UBS): As UBSs são a porta de entrada para o SUS e estão presentes em todo o Brasil. Não é necessário agendamento prévio para a maioria das vacinas.
  2. Apresente um Documento de Identificação: Leve um documento oficial com foto (RG, CNH) e, se tiver, seu cartão de vacinação. O nome social, se retificado, deve ser respeitado no atendimento.
  3. Informe-se sobre as Vacinas Disponíveis: Converse com o profissional de saúde na UBS sobre as vacinas que você precisa tomar ou atualizar, conforme o calendário nacional de vacinação e suas necessidades específicas.
  4. Receba a Vacina: Após a avaliação, o profissional realizará a aplicação da vacina.
  5. Atualize seu Cartão de Vacinação: Certifique-se de que a vacina aplicada seja devidamente registrada em seu cartão de vacinação. Caso não o possua, um novo será providenciado.
  6. Acompanhe pelo Meu SUS Digital: Você pode baixar o aplicativo "Meu SUS Digital" (disponível para iOS e Android) ou acessá-lo pelo portal gov.br. Nele, é possível visualizar sua carteira de vacinação digital com o histórico de imunobiológicos administrados.


É fundamental que o atendimento seja acolhedor e respeitoso, garantindo a saúde integral de todos.


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